sexta-feira, 19 de outubro de 2012

De frente com Piropo

 
Benito Piropo: engenheiro sanitarista e especialista em informática



De frente com Piropo

Benito Piropo Da-Rin é engenheiro sanitarista e também renomado colunista de informática. Já publicou três livros sobre o assunto, escreveu durante dezesseis anos para o caderno de informática do “O Globo” e atualmente, escreve para diversos sites de jornais. Baiano, este velhinho simpático de 73 anos, descreve-se como uma pessoa feliz, o que afirma ser algo incomum nos dias de hoje. Homem de muitas palavras, nesta entrevista Benito Piropo revela-se um homem peculiar e ousado. Pois, como pode uma mesma pessoa ser engenheiro sanitarista e ao mesmo tempo colunista de informática? Descuba você mesmo.

Qual a origem do seu nome?

Eu nasci em fevereiro de 1939 e a Segunda Grande Guerra começou em outubro de 1939. A Segunda Grande Guerra envolveu as potências chamadas “Mundo Ocidental”, contra Alemanha, Itália e Japão, que era chamada “O eixo”. Havia o Príncipe do Japão, Hirohito, o Ditador Alemão, Hitler e o Ditador da Itália, que pouca gente sabe o nome, Benito Mussolini. Meu pai, era admirador de Benito Mussolini. Não que o velho fosse facista, nazista. Mas o velho descobriu que Benito Mussolini conseguiu fazer os trens da Itália andarem no horário (risos). Isso foi uma façanha e  ele achou que Benito Mussolini estava “botando” ordem na Itália e me batizou de Benito. Depois que começou a guerra  foi uma droga. Imagina um cara que se chamasse Hitler?! Pois bem, Piropo é um nome curioso. Você sabe o que quer dizer “Piropo” em espanhol? Piropo quer dizer quase “cantada”. Quando, geralmente um homem...Ou então,”piropos” podem ser feitos entre quaisquer pessoas, mas, na maioria das vezes, “piropos”são dirigidos por homens a mulheres que eles desejam conquistar. Digamos que é um elogio exagerado. Isso é o Piropo. É o sobrenome da minha mãe. Porquê? Eu não sei. De onde vem? Eu não sei. Eu sei que a família da minha mãe é do interior da Bahia, uma pequena cidade chamada Jaguaquara. E o Da-Rin  é o sobrenome do meu pai, a família Da-Rin. É um nome original de uma região próxima a Veneza, na Itália. É um nome típico italiano. Meu avô migrou da Itália e se estabeleceu na Bahia.

No seu site está escrito: “Quem é B. Piropo? Saiba um pouco mais sobre este engenheiro que de repente tornou-se (quase sem querer) um colunista de informática”. Como surgiu o interesse pela informática?

Eu me formei em engenharia em 1963, me especializei em tratamento de esgostos numa época em que pouca gente se interessava por esse assunto. Então, em quinze anos, eu me tornei uma referência técnica nessa área específica. Não porque eu fosse superior ou mais inteligente que os outros, é que era um campo que estava alí disponível, não tinha ninguém e eu entrei. No inicío dos anos 80, eu já era consultor internacional e um dia eu participei de um projeto da estação de tratamento de efluentes químicos do pólo petroquímico de Monte Negro, no Rio Grande do Sul. Quando eu apresentei o meu projeto, um dos “caras” que estava participando disse: “Olha, tá perfeito. Mas se você fizer uma pequena modificação vai ficar mais barato e mais eficiente.” Aí, eu disse:”Tem razão. Se mudar melhora um pouco, mas do jeito que “tá” funciona perfeitamente e se eu for mudar isso, é uma mudança no início do projeto, eu vou ter que refazer os cálculos todos e vou demorar umas duas semanas pra refazer.” Aí um garoto barbudinho lá no canto da mesa, que estava quieto até então, disse que no dia seguinte traria o projeto recalculado. Pô, o projeto é meu, quem fez o cálculo fui eu, agora esse garoto vem dizer que recalcula em um dia? O que é isso? No dia seguinte estava tudo recalculado. Pô, o que esse garoto fez? Ele tinha “pego” a minha memória de cálculo, jogado numa planilha excel com todos os cálculos e qualquer modificação que ele fizesse lá no começo se refletia lá no final. Tá certo pô! Tá beleza! É isso mesmo. Então vamos fazer assim. Daí eu perguntei pro “cara” como que ele tinha feito aquilo e ele me explicou. Quando voltei pro Rio eu pensei logo em arrumar um computador,  pois senão eu não poderia mais continuar trabalhando como consultor na minha área. Comprei um computador e fui aprendendo. Eu operava aquilo como se fosse uma caixa preta, uma mágica, que você digitava os comandos e ele fazia alguma coisa. E eu comecei a decorar aqueles comandos como se fossem “abracadabra”. Teve uma hora que eu parei e pensei:”Não pode ser assim cara! Essa máquina não pode ser mais inteligente do que eu. Ela é uma máquina. Essa máquina não pode me fazer se adaptar a ela. Eu é que tenho que fazer com que ela se adapte a mim. Então vou ter que aprender como funciona.” Eu descobri que isso é um negócio fascinante. É exatamente aquilo que eu adoro, é um desafio intelectual.

No twitter você se define, dentre outras coisas, em um especialista em generalidades. O que seria isso? Como é ser um “especialista em generalidades”?

Faça uma pergunta sobre qualquer coisa. Pense numa coisa absolutamente abstrusa e me pergunte, qualquer coisa. Olha que não é qualquer um que se dispõe a fazer isso não! Pergunte. Qualquer coisa, qualquer ramo do conhecimento humano.Quantos anos tem a Terra? Cinco bilhões. Quantas estrelas tem na Via Láctea? Cem bilhões. Há quantos anos existe a vida na Terra? Três bilhões e meio. Quando foi que começou a espécie homo sapiens sapiens a viver nesse planeta? Cento e noventa e seis mil anos. Eu sou um especialista em generalidades.

Você tem alguma crença ou filosofia de vida?

Tenho. O homem nasceu pra ser feliz. O homem deve fazer tudo o que estiver a seu alcance pra ser feliz.Um dos fatores limitantes da sua felicidade é que você não pode ser feliz fazendo com que as outras pessoas sejam infelizes. Você não pode buscar a sua felicidade através do sofrimento do seu semelhante. Respeitada essas condicionantes, você vive para ser feliz. Como é que você consegue ser feliz? Bem, cada um de nós tem o seu modelo de felicidade. Existem pessoas, como a Madre Teresa de Calcutá, que achou que o caminho dela para a felicidade seria se sacrificar em prol da felicidade alheia. Bom, eu acho isso muito bonito, mas não é esta a filosofia que eu adotei pra mim. Mas respeito a dela e acho que ela foi efetivamente uma pessoa  feliz. Foi tão feliz que foi canonizada! E fez um benefício a uma quantidade imensa de pessoas. Cada pessoa escolhe o seu caminho para a felicidade, o meu talvez seja mais egoísta. Porém menos egoísta do que o de outras pessoas que querem atingir a felicidade mesmo causando mal ao resto da humanidade.

O meu blog fala sobre pessoas que mudaram o mundo. Então, você acha que tem alguém que mudou o mundo?

O maior gênio que a humanidade já conheceu, na minha opnião,  foi Leonardo DaVinci. Leonardo DaVinci era uma pessoa...não era uma pessoa, era provável que ele fosse um E.T. ou alguma coisa parecida. Daí você começa a listar as qualidades de Leonardo DaVinci. Ele pintou a Monalisa, os afrescos dele são extraordinários. Mas ele não foi um artista plástico. Leonardo DaVinci não era um artista plástico, ele era engenheiro. Leonardo DaVinci concebeu o primeiro helicóptero. Eu to falando do ano 1100, 1200. Ele foi uma das pessoas mais importantes da humanidade. Não tanto pela sua arte, mas por sua engenharia. Se você levar em conta, se você situar DaVinci na época em que ele viveu, com as limitações a quais ele foi submetido, sem dúvida ele foi um gênio.

Você acha que, de alguma forma, fez a diferença no mundo ou na vida de alguém?

Quem sou eu pra fazer a diferença no mundo? Não sei. Pode ser que daqui há dez ou quinze ou vinte anos, depois que eu tiver morrido, alguém descubra: “Ah, esse cara escreveu um negócio. Caraca, olha aqui!” E eu faço a maior diferença no mundo, não é? Na vida de alguém sim, com certeza eu fiz. Por que da maneira que eu vivo, procurando ser feliz e fazendo as pessoas felizes, isso fez diferença na vida delas. Na vida do meu filho eu tenho certeza que eu fiz a diferença, sempre através do exemplo.

Defina Benito Piropo.

Ah, Benito Piropo...Benito Piropo é um velho feliz, um homem feliz. Benito Piropo Da-rin é um homem feliz, o que não é muito comum nos dias de hoje.

*Se você quiser saber mais sobre Benito Piropo, entre no site: http://www.bpiropo.com.br/

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Zilda Arns

 
 

Pediatra e sanitarista brasileira, Zilda Arns Neumann foi a fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança - organização que tem como objetivo promover o desenvolvimento integral da criança de zero à seis anos de idade.
Nascida em 21 de agosto de 1934, na cidade de Forquilhinha, Santa Catarina, Zilda Arns cursou medicina na UFPR  ainda na década de 50. Ainda no início da faculdade, Zilda começou a cuidar de crianças menores de um ano e se impressionou com a quantidade de crianças acometidas por doenças de fácil prevenção, como a diarreia e a desidratação.
Depois de formada, Zilda Arns se aprofundou em saúde pública, pediatria e sanitarismo, com o objetivo de salvar as crianças pobres da mortalidade infantil, da desnutrição e da violência. Ela acreditava que a educação seria a melhor forma de combater as doenças de fácil prevenção. Para isso, desenvolveu uma metodologia própria de multiplicação do conhecimento e da solidariedade entre as famílias mais pobres. Essa metodologia é basada no Evangelho de São João, onde Jesus saciou a fome de mais de cinco mil pessoas com o milagre da multiplicação dos peixes.
Em 1983, a pedido da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), criou a Pastoral da Criança. Vinte e cinco anos depois, a pastoral acompanhou quase dois milhões de crianças menores de seis anos e mais de um milhão de famílias pobres em 4.060 municípios brasileiros. Neste período, mais de duzentos mil voluntários levaram solidariedade as comunidades mais pobresaos lugares mais pobres. A cada mês, havia a visita domiciliar às famílias, o "Dia do Peso" ou o "Dia da Celebração da vida" e a reunião mensal de avaliação e reflexão.
Zilda Arns foi uma das vítimas do terremoto que atingiu a cidade de Porto Príncipe, capital do Haiti, em 12 de Janeiro de 2010. Em missão humanitária, ela discursava para um grupo de 150 pessoas quando as paredes da igreja começaram a desabar. Zilda Arns morreu ajudando o próximo. Esta grande mulher ganhou vário prêmios nacionais e internacionais. Abaixo, um trecho de um de seus discursos:

"(...)Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos" significa trabalhar pela inclusão social, fruto da Justiça; significa não ter preconceitos, aplicar nossos melhores talentos em favor da vida plena, prioritariamente daqueles que mais necessitam. Somar esforços para alcançar os objetivos, servir com humildade e misericórdia, sem perder a própria identidade.
Cremos que esta transformação social exige um investimento máximo de esforços para o desenvolvimento integral das crianças. Este desenvolvimento começa quando a criança se encontra ainda no ventre sagrado da sua mãe. As crianças, quando estão bem cuidadas, são sementes de paz e esperança. Não existe ser humano mais perfeito, mais justo, mais solidário e sem preconceitos que as crianças.(...)"

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Você seria capaz de dar a sua vida para salvar a de alguém?

 
 
 
Hoje vou falar de um homem que se tornou Santo. Mas a questão a ser discutida aqui não está relacionada a sua santidade, e sim a coragem que ele teve de se oferecer para morrer no lugar de outra pessoa. Raimundo Kolbe, mais conhecido como São Maximiliano Maria Kolbe, nasceu em 1894, na Polônia. Quando jovem, optou pela vida religiosa decidindo ser capuchinho franciscano.
Durante a Segunda Guerra Mundial, deu abrigo a refugiados, incluindo cerca de 2000 judeus. Em 1941, Maximiliano é preso pela Gestapo e levado para Auschwitz, pois os nazistas temiam sua influência na Polónia. No mesmo ano, um prisioneiro do mesmo bloco de São Maximiliano foge e como represália, os nazistas escolhem dez prisioneiros para morrer de fome e sede. Um dos escolhidos lamenta-se por deixar mulher e filhos e Maximiliano pede para ir no seu lugar. Depois de duas semanas, só quatro dos escolhidos sobrevivem, incluindo São Maximiliano. Os nazistas decidem então matá-los com uma injeção de ácido carbólico.
Em 10 de outubro de 1982, São Maximilano Kolbe foi canonizado pelo Papa João Paulo II. Estava presente Franciszek Gajowniczek , o homem que foi salvo por São Maximiliano e que sobreviveu à Aushwitz.
Independentemente de acreditar ou não em santos, as pessoas devem reconhecer que este homem cumpriu a palavra de Jesus quando deu a sua vida em prol do próximo. Ele pode não ter mudado o mundo, mas mudou a vida de uma pessoa, e isso já basta.