Benito Piropo: engenheiro sanitarista e especialista em informática
De
frente com Piropo
Benito
Piropo Da-Rin é engenheiro sanitarista e também renomado colunista de
informática. Já publicou três livros sobre o assunto, escreveu durante
dezesseis anos para o caderno de informática do “O Globo” e atualmente, escreve
para diversos sites de jornais. Baiano, este velhinho simpático de 73 anos, descreve-se
como uma pessoa feliz, o que afirma ser algo incomum nos dias de hoje. Homem de
muitas palavras, nesta entrevista Benito Piropo revela-se um homem peculiar e ousado. Pois, como pode uma mesma pessoa ser engenheiro sanitarista e ao mesmo tempo
colunista de informática? Descuba você mesmo.
Qual a origem do seu nome?
Eu nasci em fevereiro de 1939 e a
Segunda Grande Guerra começou em outubro de 1939. A Segunda Grande Guerra envolveu
as potências chamadas “Mundo Ocidental”, contra Alemanha, Itália e Japão, que
era chamada “O eixo”. Havia o Príncipe do Japão, Hirohito, o Ditador Alemão,
Hitler e o Ditador da Itália, que pouca gente sabe o nome, Benito Mussolini.
Meu pai, era admirador de Benito Mussolini. Não que o velho fosse facista,
nazista. Mas o velho descobriu que Benito Mussolini conseguiu fazer os trens da
Itália andarem no horário (risos). Isso foi uma façanha e ele achou que Benito Mussolini estava
“botando” ordem na Itália e me batizou de Benito. Depois que começou a guerra foi uma droga. Imagina um cara que se chamasse
Hitler?! Pois bem, Piropo é um nome curioso. Você sabe o que quer dizer
“Piropo” em espanhol? Piropo quer dizer quase “cantada”. Quando, geralmente um
homem...Ou então,”piropos” podem ser feitos entre quaisquer pessoas, mas, na
maioria das vezes, “piropos”são dirigidos por homens a mulheres que eles
desejam conquistar. Digamos que é um elogio exagerado. Isso é o Piropo. É o
sobrenome da minha mãe. Porquê? Eu não sei. De onde vem? Eu não sei. Eu sei que
a família da minha mãe é do interior da Bahia, uma pequena cidade chamada
Jaguaquara. E o Da-Rin é o sobrenome do
meu pai, a família Da-Rin. É um nome original de uma região próxima a Veneza,
na Itália. É um nome típico italiano. Meu avô migrou da Itália e se estabeleceu
na Bahia.
No seu site está escrito: “Quem é
B. Piropo? Saiba um pouco mais sobre este engenheiro que de repente tornou-se
(quase sem querer) um colunista de informática”. Como surgiu o interesse pela
informática?
Eu me formei em engenharia em 1963,
me especializei em tratamento de esgostos numa época em que pouca gente se
interessava por esse assunto. Então, em quinze anos, eu me tornei uma
referência técnica nessa área específica. Não porque eu fosse superior ou mais
inteligente que os outros, é que era um campo que estava alí disponível, não
tinha ninguém e eu entrei. No inicío dos anos 80, eu já era consultor
internacional e um dia eu participei de um projeto da estação de tratamento de
efluentes químicos do pólo petroquímico de Monte Negro, no Rio Grande do Sul. Quando
eu apresentei o meu projeto, um dos “caras” que estava participando disse:
“Olha, tá perfeito. Mas se você fizer uma pequena modificação vai ficar mais
barato e mais eficiente.” Aí, eu disse:”Tem razão. Se mudar melhora um pouco,
mas do jeito que “tá” funciona perfeitamente e se eu for mudar isso, é uma
mudança no início do projeto, eu vou ter que refazer os cálculos todos e vou
demorar umas duas semanas pra refazer.” Aí um garoto barbudinho lá no canto da
mesa, que estava quieto até então, disse que no dia seguinte traria o projeto
recalculado. Pô, o projeto é meu, quem fez o cálculo fui eu, agora esse garoto
vem dizer que recalcula em um dia? O que é isso? No dia seguinte estava tudo
recalculado. Pô, o que esse garoto fez? Ele tinha “pego” a minha memória de
cálculo, jogado numa planilha excel com todos os cálculos e qualquer
modificação que ele fizesse lá no começo se refletia lá no final. Tá certo pô! Tá
beleza! É isso mesmo. Então vamos fazer assim. Daí eu perguntei pro “cara” como
que ele tinha feito aquilo e ele me explicou. Quando voltei pro Rio eu pensei
logo em arrumar um computador, pois
senão eu não poderia mais continuar trabalhando como consultor na minha área. Comprei
um computador e fui aprendendo. Eu operava aquilo como se fosse uma caixa
preta, uma mágica, que você digitava os comandos e ele fazia alguma coisa. E eu
comecei a decorar aqueles comandos como se fossem “abracadabra”. Teve uma hora
que eu parei e pensei:”Não pode ser assim cara! Essa máquina não pode ser mais
inteligente do que eu. Ela é uma máquina. Essa máquina não pode me fazer se
adaptar a ela. Eu é que tenho que fazer com que ela se adapte a mim. Então vou
ter que aprender como funciona.” Eu descobri que isso é um negócio fascinante.
É exatamente aquilo que eu adoro, é um desafio intelectual.
No twitter você se define, dentre
outras coisas, em um “especialista em
generalidades”. O que seria isso?
Como é ser um “especialista em generalidades”?
Faça uma pergunta sobre qualquer
coisa. Pense numa coisa absolutamente abstrusa e me pergunte, qualquer coisa. Olha
que não é qualquer um que se dispõe a fazer isso não! Pergunte. Qualquer coisa,
qualquer ramo do conhecimento humano.Quantos anos tem a Terra? Cinco bilhões.
Quantas estrelas tem na Via Láctea? Cem bilhões. Há quantos anos existe a vida
na Terra? Três bilhões e meio. Quando foi que começou a espécie homo sapiens
sapiens a viver nesse planeta? Cento e noventa e seis mil anos. Eu sou um
especialista em generalidades.
Você tem alguma crença ou filosofia
de vida?
Tenho. O homem nasceu pra ser
feliz. O homem deve fazer tudo o que estiver a seu alcance pra ser feliz.Um dos
fatores limitantes da sua felicidade é que você não pode ser feliz fazendo com
que as outras pessoas sejam infelizes. Você não pode buscar a sua felicidade
através do sofrimento do seu semelhante. Respeitada essas condicionantes, você
vive para ser feliz. Como é que você consegue ser feliz? Bem, cada um de nós
tem o seu modelo de felicidade. Existem pessoas, como a Madre Teresa de
Calcutá, que achou que o caminho dela para a felicidade seria se sacrificar em
prol da felicidade alheia. Bom, eu acho isso muito bonito, mas não é esta a
filosofia que eu adotei pra mim. Mas respeito a dela e acho que ela foi
efetivamente uma pessoa feliz. Foi tão
feliz que foi canonizada! E fez um benefício a uma quantidade imensa de
pessoas. Cada pessoa escolhe o seu caminho para a felicidade, o meu talvez seja
mais egoísta. Porém menos egoísta do que o de outras pessoas que querem atingir
a felicidade mesmo causando mal ao resto da humanidade.
O meu blog fala sobre pessoas que
mudaram o mundo. Então, você acha que tem alguém que mudou o mundo?
O maior gênio que a humanidade já
conheceu, na minha opnião, foi Leonardo
DaVinci. Leonardo DaVinci era uma pessoa...não era uma pessoa, era provável que
ele fosse um E.T. ou alguma coisa parecida. Daí você começa a listar as
qualidades de Leonardo DaVinci. Ele pintou a Monalisa, os afrescos dele são
extraordinários. Mas ele não foi um artista plástico. Leonardo DaVinci não era
um artista plástico, ele era engenheiro. Leonardo DaVinci concebeu o primeiro
helicóptero. Eu to falando do ano 1100, 1200. Ele foi uma das pessoas mais
importantes da humanidade. Não tanto pela sua arte, mas por sua engenharia. Se
você levar em conta, se você situar DaVinci na época em que ele viveu, com as
limitações a quais ele foi submetido, sem dúvida ele foi um gênio.
Você acha que, de alguma forma, fez
a diferença no mundo ou na vida de alguém?
Quem sou eu pra fazer a diferença
no mundo? Não sei. Pode ser que daqui há dez ou quinze ou vinte anos, depois
que eu tiver morrido, alguém descubra: “Ah, esse cara escreveu um negócio.
Caraca, olha aqui!” E eu faço a maior diferença no mundo, não é? Na vida de
alguém sim, com certeza eu fiz. Por que da maneira que eu vivo, procurando ser
feliz e fazendo as pessoas felizes, isso fez diferença na vida delas. Na vida
do meu filho eu tenho certeza que eu fiz a diferença, sempre através do
exemplo.
Defina Benito Piropo.
Ah, Benito Piropo...Benito Piropo é
um velho feliz, um homem feliz. Benito Piropo Da-rin é um homem feliz, o que
não é muito comum nos dias de hoje.
*Se você quiser saber mais sobre Benito Piropo, entre no site: http://www.bpiropo.com.br/
Tudo o que está acima é verdade e dou fé. Não podia ser melhor. Nem eu mesmo me descreveria de forma tão autêntica.
ResponderExcluirBenito Piropo
Conheço , virtualmente, Benito Piropo desde da "Informática Etc..." e da época de BBS e ele é exatamente o descrito na entrevista.
ResponderExcluirLuiz Surcan
Mestre Piropo! Meu guru desde as brumas do DOS! Desde a Trilha Zero!
ResponderExcluirIncomparável!
Eliezer Magliano.
Me lembro do dia em que descobri que significava o "B" de B. Piropo. Ninguém sabia, pois n' O Globo só aparecia B. Piropo e parecia que ele não queria muita propaganda em torno de seu nome. Piropo foi uma referência para mim, instigando-me a ler mais e mais sobre informática e ter coragem para conhecer mais a fundo o âmago do Windows. Piropo tem a sorte de morar longe de mim pois simpático como é, especialista em generalidades (também sou meio "seleções"), tenho certeza de que seria um carrapato na vida dele. Gostei de saber este lado mais intimista da vida nosso querido Benito Piropo.
ResponderExcluirTenho 40 anos e sou analista de sistemas. Me orgulho em dizer que meu início na vida profissional foi lendo as colunas dele no Caderno de Informática. O Piropo certamente está no meu Panteão pessoal de heróis.
ResponderExcluirParabéns pela matéria deste "velhinho gente boa", que me conquistou pelo entusiasmo com que escreve sobre informática e sua defesa pela língua portuguesa!
ResponderExcluirSempre fico profundamente enciumado de saber que o "meu" Mestre Piropo tem centenas de admiradores virtuais como eu. Acato suas orientações desde 1998, quando eu ainda usava um micro 386 já na era do Pentium 133. Parabéns por sua simplicidade, filosofia de vida e conhecimentos técnicos (domínio do vernáculo pátrio, nem se fala). Felicitações também para a entrevistadora Gabriela, desde agora denotando profissionalismo no mister escolhido.
ResponderExcluirMarco Silva
De todas as colunas que gosto de ler no FórumPcs, a do B.Piropo é a minha predileta. Toda vez que entro no site, a primeira coisa que verifico é se tem uma nova coluna dele. Tenho profunda admiração pela competência com que escreve, e é muito "viciante" e prazerosa a leitura de suas colunas. Parabéns B. Piropo por compartilhar seu conhecimento conosco, encorajando-nos a desvendar esses "mistérios" da informática.
ResponderExcluirUm forte abraço.
Paulo Chiararia
Também sou fã do Mestre Piropo sempre leio sua colunas no ForumPCs, mas fiquei com uma dúvida, na década de 80 a planilha eletrônica usada na época não seria o Lotus 123.
ResponderExcluirParabéns os Sr. Piropo e a Sra. Gabriela Neto
Hoje posso dizer que trabalho com o que gosto. Posso até falar que ganho dinheiro e divertindo.
ResponderExcluirConsiderando os "padrões da sociedade de consumo", posso até ser considerado um profissional bem sucedido.
E tudo isso se iniciou quando tinha 10-13 anos, quando descobri a TI através dos seus maravilhosos escritos.
Devo tudo ao Piropo, que nunca se furtou de transformar seu inesgotável conhecimento em um imenso manancial de onde tantos beberam.